Aquele boom das bicicletas durante a pandemia teria um fim, era óbvio, qualquer crescimento rápido assim tende a retroceder por algum motivo. No caso do mercado de bicicletas, além do fator econômico, faltou bike, faltou peça e tudo subiu de preço em níveis vertiginosos. Porém, tem um item em específico que é intrínseco do ciclismo: ser ciclista requer muita força de vontade, pois vai sentir muita dor no início.
Não vou vir com papo de coach aqui, essa força de vontade para se permanecer ciclista é uma teimosia que precisa persistir até você conseguir furar a atmosfera da dor, pois pedalar dói. E é aqui onde a gente vai entrar no assunto do título: boa parte de sair da bolha da dor no início do esporte está relacionado ao selim.
Não se trata apenas de escolher um selim correto, mas ao menos instalar ele dentro dos parâmetros mais básicos, que são:
Altura correta
Ajuste do trilho corretamente
Posicionar ele paralelo em relação ao chão*
“Pô, Zé, não é só isso não”. Claro que não, mas quem prestar um pouquinho de atenção, vai ver que nem o básico do básico é aplicado na média. Nesses três tópicos acima, deixei um link externo vinculado com explicações mais densas a respeito para não alongar muito aqui no post, ainda mais que o que quero escrever é um alerta inicial, já existe muita matéria boa feita e por pessoas com muito mais conhecimento que eu. Infelizmente muitos textos estão em inglês, então deixo aqui um link de um ótimo tradutor para usar em paralelo: o Deepl.
*Selim paralelo ao chão é o começo do ajuste fino, sempre comece assim. ÀS VEZES é necessário descer um ou dois graus o bico do selim para baixo, mas isso é um passo adiante no ajuste
O PROCESSO DE PENEIRAR QUAL O MODELO CERTO PARA VOCÊ
Dito isso, vamos entrar no que vai facilitar a escolha do seu próximo selim. Você precisa de algumas informações suas, como a largura dos seus ísquios, posição de pilotagem e um pouco de observação sobre o seu atual selim: o que nele funciona para você e o que é desconfortável.
1 – ÍSQUIOS Para medir a largura dos ísquios, existem alguns métodos, entretanto vou explicar a forma mais objetiva e simples que pode ser feito em casa com um pedaço de papelão. Encontre um pedaço de papelão daqueles mais grossos se possível, coloque ele sobre uma superfície rígida e sente com a sua coluna em 90°. Dê algumas pressionadas contra o papelão e após isso, verá dois pontos nele mais amassados, esses pontos são os seus ísquios, os famosos ossinhos da bunda. Com essa medida, você já consegue “peneirar” muito bem entre os modelos do mercado. a largura do selim não será exatamente a largura dos isquios, para a medida do selim, geralmente se adiciona entre 2 a 3cm a mais, como os exemplos a seguir:
| Largura dos ísquios | largura do selim |
|---|---|
| 95mm | 130mm |
| 120mm | 145mm |
| 135mm | 155mm |
| 150mm | 170mm |
2 – POSIÇÃO DE PEDALAR A posição de pedalar pode influenciar em outro fator para a escolha do selim: quantidade de espuma. Geralmente para bicicletas com foco esportivo, a posição de pedalar é mais agressiva, com o ciclista mais inclinado para frente. Nesse caso, somente a largura do selim compatível com os ísquios e uma quantidade média para baixa de espuma é o suficiente, o tipo do terreno (asfalto ou terra) vai ajudar a determinar isso. Para essa situação, entra uma outra característica que pode implicar no conforto, que é o ALÍVIO PERINEAL, característica do selim que ajuda a distribuir melhor a pressão na pélvis nas regiões mais adequadas e ventilação, procurando concentrar mais nos ísquios o peso e um pouco nos outros pontos de apoio. Um canal de alívio perineal desenhado para o órgão masculino procura tirar a pressão da próstata, evitando assim dormências e a longo prazo, doenças como câncer de próstata. Para mulheres, o desenho do alívio perineal tem outra função, que é acomodar melhor os tecidos moles da vulva. Um canal perineal inadequado pode ter o efeito totalmente contrário de aliviar a pressão, causando inclusive, maior desconforto por forçar a vagina contra o canal central ao invés de acomodar.
Alguns modelos de selins acabam tendo outra abordagem para isso: apenas canal central rebaixado com um material mais macio. Pelas pesquisas que fiz para escrever esse post, li que mulheres que têm os lábios menores tendem a se adaptar com selim com bico mais estreito e canal rebaixado apenas. Mulheres com lábios maiores tendem para selins mais largos e com alívio perineal maior. Essas informações não são imutáveis, ajudam a nortear sua pesquisa para o seu próximo selim apenas. Eu considero um parâmetro inicial perfeito é observar como está o seu conforto com o selim atual ou algum que já pedalou e achou interessante, pode encurtar demais esse processo e aumentar a assertividade.
Voltando à posição de pedalar, caso use bicicletas com intuito mais urbano, tendo sua posição mais ereta em cima do selim, aí sim entra a necessidade de um selim mais largo, pois a rotação pélvica diminui e o ponto de apoio será na parte mais larga dos ísquios. Aí a regra de ísquio + 2cm = largura ideal do selim muda para largura do ísquio + 4cm = largura ideal. Além disso será de qualquer forma, exagero. Existe um mito muito enraizado de que selins muito largos e macios são confortáveis, fuja disso. Eles podem promover conforto para pedaladas curtas e para quem tem pouca prática de ciclismo e nesse caso, será sim confortável, pois vai agredir menos a região pélvica em um primeiro instante. Começou a alongar as pedaladas, é hora de seguir estes passos acima. O problema de excesso de espuma no selim é aquecer a pélvis e causar assaduras, principalmente na virilha/coxas, pois o atrito na pedalada é demasiado.
Ok, escolheu o selim, comprou com o máximo de características que possam favorecer o conforto para a sua anatomia. NADA DISSO ADIANTA se você não configurar ele na sua bicicleta de forma adequada. “Dizem as más línguas” que, inclusive, às vezes você não precisa de um selim novo, apenas configurar corretamente o seu atual.
A quantidade de mensagens que recebo perguntando “esse selim é confortável para X tipo de pedal” ou apenas se “é confortável?” é enorme. Provavelmente você que acabou de ler esse texto foi um dos que perguntou isso e mandei o link dessa matéria. Tudo que foi escrito aqui foi para dizer que: temos modelos para integrar nosso portfólio que escolhemos por serem os mais dentro da média possível das necessidades dos ciclistas e provavelmente vai te servir também, DESDE QUE façamos uma escolha mais adequada possível para quem não tem muito conhecimento ainda do que é o ideal para si.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://www.cyclingweekly.com/group-tests/the-best-womens-bike-saddles-163399
https://www.sbs.com.au/sport/article/saddle-problems-we-chat-with-two-experts/y6o5beejf
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